domingo, 8 de novembro de 2009

Duas linhas tortas

Já que não pretendo passar o endereço desse blog para ninguém, acho que convém contar aqui um segredo... Ou não?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Seja solidário: adote uma árvore.


Seus amigos não te levam muito a sério? Nenhuma outra pessoa da sua idade parece ter a mente compatível com a sua? Seus parentes andam muito ocupados? Até o seu cachorro parece estar te rejeitando, ao sair do quarto ganindo baixinho?

Pois a solução é muito simples, meu amigo: adote uma árvore! Além de ser uma ótima ouvinte, ela está sempre lá quando você precisa dela. Sem contar que faz bem para a saúde, claro.

Está sempre feliz com o que tem, vive com o que a natureza lhe dá; e, se você escolher um tipo frondoso de angiosperma, ela poderá até tentar te animar, derramando um de seus frutos aos seus pés.

Agora, falando sério. Escrevi esse texto com o propósito de registrar algo divinamente estranho que ocorreu comigo hoje à tarde, enquanto arrumava a casa.

Era por volta das três e meia quando terminei de lavar a louça, minha última tarefa. Eu me encontrava num incomum estado de "transe" desde a noite de ontem, e não me perguntem o motivo, que nem eu mesma sei. Surgiu do nada. Eu estava feliz e sorridente, e de um minuto para outro tornei-me insossa e desanimada. Triste, não. Apenas desanimada. Como se um dementador tivesse entrado de repente e sugado minhas esperanças.

Limpei a pia, ainda imersa em minha altivez. Sem saber com quem conversar, nem o que fazer, lembro-me vagamente de ter pego o telefone sem fio e descido as escadas até o quintal de minha avó. Não faço ideia de por quê fiz isso, mas fiz. E, ao chegar lá embaixo, foi como se alguém estalasse os dedos e me despertasse. Eu não sabia o que tinha ido fazer ali.

Coloquei o telefone no murinho de pedra e pus-me a acariciar as folhas dos frágeis hortelãs. Passei de planta em planta, parando vez ou outra para estudar os pequenos insetos que ali viviam, até chegar à elegante árvore da minha avó, cujo nome não faço nem idéia. É uma árvore de copa larga, com folhas verde-abacate, e que agora na primavera fica salpicada de pequenos arranjos de três folhas cor-de-rosa. Dentro desses arranjos há sempre três pequenas flores, branco-amareladas. Seu aroma é delicado, e só se sente quando as florzinhas estão quase roçando o nariz.

Observei seu tronco, firme, ramificado na parte superior em alguns cinco ou seis galhos grossos, esses últimos cobertos de grandes acúleos, evitando que felinos a escalem e protegendo seus bem-te-vis. E, enquanto olhava, pensava na vida, e meus problemas iam ficando pequenos, até tornarem-se irrelevantes.

Numa exuberância de sons e cores, posso jurar que a árvore estremeceu, ajudada pelo vento, quando pus-me a subir as escadas para voltar para casa. Lá de cima, das grades, admirei suas folhinhas cor-de-rosa, ainda em brotos, a dançar com a ventania. Com um sorriso, dei as costas para minha nova amiga.