sexta-feira, 23 de abril de 2010

Morre a raiz...

Algumas vezes, quando pequena, pensava em como seria se morresse algém próximo a mim. Isso não era um desejo, é claro, e sim uma curiosidade inocente. Como seria ir a um velório, com todos chorando e rezando em volta de um caixão...
Mas, como acontece frequentemente, foi muito além do que eu imaginava. Sim, porque sábado passado, dia 17/04, falece minha avó paterna, Germana Meireles.
Na verdade, eu já estava preparada quando a notícia chegou. Meu pai me ligara no dia anterior, avisando que ela já tivera dias melhores e que estava agora no hospital, perto do Corinthians (nome que ele pronunciou com muito esforço e exagerada lentidão, como bom santista que é). Preparou-me para o pior e, no outro dia, ligou às nove e meia da noite, a voz pastosa de cerveja - e, vejam bem, eu não o condenei por isso -, dando a notícia que eu já esperava.
Vovó Germana morreu. "Desencarnou", como minha mãe prefere dizer, e de uma coisa tenho certeza, foi em paz. Gloriosa, conseguiu completar seus noventa anos poucos dias antes de morrer.
E deixará tantas saudades... Ah, o carinho que ela tinha, o jeito que me tratava era tão bom... Sempre arrumava uma lembrancinha quando eu a visitava de surpresa. Embrulhava pequenos cosméticos e, quando não podia embrulhar, por não ter tido tempo ou qualquer outra coisa, pedia mil desculpas e dizia sempre "É coisinha simples, mas é de coração."
Ela me mimava... Tinha uma foto minha pendurada na parede da sala de estar, logo acima de seus vários santinhos e velas, ao lado de muitos outros retratos da família Meireles, que, vistos de longe, pareciam todos os mesmos... As mesmas pessoas em todos os retratos... Incrível como todos nós nos parecemos (e incrível como, mesmo assim, ainda tenho tantos traços italianos dos Giangiardi, rs)!
Que minha avó fique em paz. Foi muito triste ver seu corpinho miúdo, imóvel, sem os habituais movimentos respiratórios, segurando uma rosa numa mão e um terço na outra... Mas perfiro manter na mente a imagem de uma Germana viva e sorridente, que é, com certeza, como ela está agora...
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P.S.: Não era esse o texto emo que eu ia escrever (embora se encaixe nesse padrão). Imprevistos acontecem...
P.S.²: Publico isso como forma de homenageá-la, mesmo sabendo que ela merece muito mais que um texto mal escrito por uma neta inexperiente.
P.S.³: Não precisam comentar, se não quiserem.