segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Minha vovó italiana...

...acaba de partir. Nunca senti um vazio tão grande. Lamento mais do que vocês por escrever outro post em homenagem a uma querida falecida... É difícil conter as lágrimas ao escolher cada palavra. Mas não me sinto triste; ao contrário, estou me sentindo leve e em paz. Se há lágrimas, são de saudade, porque essa fica, não há alternativas. Mas é uma saudade tão gostosa...


Minha avó tinha 79 anos recentes. Até agora ninguém nos explicou direito como - parece que de ataque fulminante -, mas ela se foi ontem, 07/11, por volta das seis da tarde/noite, na casa dela.


E ela teve a partida que todos querem para si; de manhã, antes de sair, eu tive a oportunidade divina de lhe dizer bom dia, beijá-la e vê-la sorrindo. Não havia nada errado. Passei o dia na casa da minha tia, e à tarde, ao voltar, deparei-me com a pior cena que minha memória já armazenou. Nessa, não entrarei em detalhes. Seu corpinho de senhora estava no chão, carinhosamente amparado por um cobertor, mas ela já não estava mais nele. Minhas tias tentavam reanimá-la, mas nada surtia efeito. O Samu demorou mais de cinquenta minutos para chegar. Não tinha coragem para olhá-la ainda. Eu tremia um pouco e não raciocinava.


Moro num sobrado; minha avó em baixo, eu, minha mãe e meu irmão em cima. Minha avozinha esperou o momento em que minha tia subiu aqui para conversar com a minha mãe para que fosse embora. Quando minha tia desceu, ela já tinha ido (Essa frase soa melhor de outra forma. 'Ela já estava ida').


Sem dor, sem sofrimento, sem despedidas. Já disse a ela que eu quero uma morte igualzinha. E pedi que me soprasse as respostas na prova de Geografia, sua área favorita, em que era muito bem informada. As tardes que ela passou me explicando o que sabia ficarão na memória para sempre. O brilho de seus olhos, que até ontem eram palpáveis, jamais se extinguirá. Fica o consolo e o amor de Deus, porque convenhamos que só por Ele mesmo. Transcrevo aqui belas palavras de meu tio - que compartilha da minha visão espírita, mas suas palavras são indubitavelmente universais -, ditas ao pé do caixão coberto de flores amarelas e perfumadas, sob as quais se encontrava o corpinho de uma vovó tranquila, de expressão serena. 'Deus é Amor. Ele é a Bondade. Jamais, jamais separaria mãe de filhos, irmãos de irmãos, pessoas que se amam de pessoas que se amam. Todos nos encontraremos. Não existe adeus aos olhos de Deus."

Sigo em frente, tocando a vida, com essas palavras em mente e minha avó no coração. No fim, é isso. Esse mundinho que é a passagem, e a vida mesmo está lá em cima.